sexta-feira, 28 de maio de 2010

Daqui alguns anos...


Hoje me peguei pensando na velhice. Aguardava o médico na sala de espera. Na minha frente estava sentada uma senhora. Ela parecia ter uns 80 anos. Na mão segurava um saco plástico com uns 5 remédios diferentes. Com sotaque carregado contava suas mazelas. Com problemas de pressão, a velha italiana, nascida na Calábria, falava dos apuros que passava no alto de suas oito décadas de existência.

Fiquei pensando como seria difícil viver assim. A senhorinha contava que tinha quatro planos de saúde em hospitais diferentes de Porto Alegre, e mais o Eco Salva, um serviço de ambulância para emergências. Dia destes ficou doente e teve que ser internada num hospital. Todos os quatro em que ela tinha convênio estavam lotados. Irritada, ela pergunta com seu sotaque italiano carregado à secretária do médico: "isso é um absurdo. Tu concorda Cristina que eles deveriam ter umas três ou quatro camas para as pessoas do convênio?" Cristina Concordou. Eu achei engraçado, mas depois pensei.

Seriam estes remédios uma espécie de vida artificial?? Não seria melhor viver então até o limite em que pudéssemos, sem medicamentos? Não sei o que seria melhor, mas me imaginei no lugar da senhora italiana. Até que o surpreendente aconteceu. Cristina, a secretária, perguntou meus dados. Quando falei minha data de nascimento: 20 de janeiro, a sonhora italiana sorriu para mim e disse contente: minha data!

Daquele minuto em diante me vi sentada naquele sofá esperando o médico com uma pilha de exames numa mão e mais meia dúzia de remédios na outra. Projetei minha vida daqui 60 anos, e cheguei a conclusão que ela não será fácil. Pobre dos velhinhos.
E haja remédio.

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