quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Coisas da vida...

Tempo. Esta é a briga diária entra editor e repórter. Entre editor e apresentador do tempo. A busca por espaço num telejornal. Todos os dias lutamos por mais. Mas nem sempre levamos. Tem semanas que eu caio todos os dias. "Cair" no jargão jornalístico é quando a editora-chefe por falta de tempo me tira do jornal, me coloca para escanteio, no banco de reservas. Me derruba. Mas como a meteorologia é igual o esporte no jornal (frase que editora-chefe usa) tem dias que a gente cai, mas em outros a gente brilha. No meu caso nem sempre o brilho é sinal de comemoração.

Esta semana a forte chuva, os temporais, o tornado, e tudo isso junto me deram um bloco inteiro de quase 10 minutos no jornal. Tem dias que é assim, em outros eu peno para entrar com um VT de 1 minuto. Mas tudo bem, eu tendendo. Factual é factual (leia-se a notícia do dia). Pois é, a tragédia me levou a um grande espaço do jornal, aquele tempo que eu falava no início do post. Mas agora neste caso o TEMPO não era mais importante. O importante era o FACTUAL. Se eu dissesse a minha editora-chefe que tinha novas imagens, mais informação meu espaço ia aumentando. O fator tempo era secundário.

No ar fui pega de surpresa. Nestes dois anos de tv já dei muitas notícias tristes. Me emocionei muitas vezes, mas nunca ao vivo. No ar sempre mantive a calma e agi como se nada daquilo me abalasse. Antes de entrar no estúdio li as laudas. Mas ouvi de minha editora-chefe que ela estava acrescentando algumas informações. Ela me disse o que estava escrevendo. Na correria não dei importância. No ar, ao ler que entre as vítimas de São Paulo havia 3 crianças senti meu corpo inteiro arrepiar, dos pés à cabeça. Chamei todos os vts arrepiada. Tinha vontade de sair correndo. Segurava a voz para não parecer trêmula. Meu corpo todo estava arrepiado. Foi uma sensação muito estranha. É difícil não se envolver.

3 comentários:

Gustavo Bonato disse...

Tentei passar com um stand up de 5 minutos sobre ovinos, mas a editora me cortou.

Lilian Lima disse...

Sim, neste casou eu era a editora. São coisas da vida, né!

LU K. disse...

pois é... somos profissionais, mas humanos. e acho que faz parte se emocionar de vez em quando. até porque uma vez eu pensei que estava ficando fria demais, noticiando acidentes, mortes e tal. e estava ficando mesmo. revi um pouco as coisas (pois estava guardando, na verdade, as emoções) e passei a permitir mais emoção no trabalho! :=)
beijos