segunda-feira, 20 de abril de 2009

Mulheres possíveis...

Recebi este texto por e-mail da minha colega Mariana Dutra, e tive que publicar aqui. Leiam, mulheres vcs vão se identificar com ele.

MULHERES POSSÍVEIS
'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.

Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.

Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou:

- trabalho todos os dias,
- ganho minha grana,
- vou ao supermercado três vezes por semana,
- decido o cardápio das refeições,
- levo os filhos no colégio e busco,
- almoço com eles,
- estudo com eles,
- telefono para minha mãe todas as noites,
- procuro minhas amigas,
- namoro,
- viajo,
- vou ao cinema,
- pago minhas contas,
- respondo a toneladas de e-mails,
- faço revisões no dentista,
- mamografia,
- caminho meia hora diariamente,
- compro flores para Casa,
- providencio os consertos domésticos,
- participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão
e ainda faço escova toda semana - e as unhas!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.
Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma mulher.

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.

Porque vida interessante
- não é ter a agenda lotada,
- não é ser sempre politicamente correta,
- não é topar qualquer projeto por dinheiro,
- não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
- É ter tempo.

- Tempo para fazer nada.
- Tempo para fazer tudo.
- Tempo para dançar sozinha na sala.
- Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
- Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias!
- Tempo para uma massagem.
- Tempo para ver a novela.
- Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
- Tempo para fazer um trabalho voluntário.
- Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
- Tempo para conhecer outras pessoas.
- Voltar a estudar.
- Para engravidar.
- Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
- Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga..
Acredita que,
- se não for super,
- se não for mega,
- se não for uma executiva ISO 9000,não será bem avaliada.
Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.

Mulher que se sustenta FICA muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.

Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo.

Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom DA M.A.C.

Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que:

- uma bolsa de palha,
- uma pousadinha rustica à beira-mar
- e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado)
podem ser prazeres cinco estrelas e nos Dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'

Autora: Martha Medeiros - Jornalista e escritora

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